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Foto do escritorJoice Ribeiro

O alto preço de pagar barato em decisões estratégicas

Atualizado: 3 de set. de 2019


No artigo anterior falamos um pouco sobre o quanto as complexidades dificultam a escolha da melhor opção em uma decisão, tanto em Suprimentos quanto na nossa vida pessoal.


Quando consideramos decisões estratégicas, a importância de usar um método de suporte à decisão é ainda maior, devido às consequências que podem ser originadas por uma má escolha. A área de Compras responde por um grande orçamento da empresa, garante a estabilidade das operações controlando o fluxo de entrada de produtos e serviços, seleciona os fornecedores e parcerias que são determinantes na qualidade do que a empresa produz e em sua própria imagem, além de gerenciar os riscos de abastecimento.

 

Escolher somente pelo preço, prática ainda muito utilizada atualmente em decisões de Suprimentos, frequentemente leva a decisões de baixo valor. Primeiro que o preço de compra não reflete o custo total que a Organização terá com aquela aquisição, o que já sabemos desde a década de 1990 com a propagação do conceito de TCO (Total Cost of Ownership), o Custo Total de Propriedade. E, ainda mais importante, mesmo escolhendo a opção com menor TCO, isso não significa que a escolha trará o maior valor para a empresa.


Como estabelecido pela Teoria da Decisão, a opção que traz mais valor para a Organização é aquela que melhor atende aos seus objetivos fundamentais naquela compra.

Em outras palavras, de nada adianta comprar o mais barato que atende a todas as especificações, se não estamos atendendo às necessidades essenciais daquela compra. Pode parecer óbvio que é preciso atender aos objetivos fundamentais, mas frequentemente vemos que não é tão claro assim na prática.


São muitos os critérios importantes em uma decisão e, assim como nosso cérebro não lida bem com escolhas com muitas opções, também é difícil mapear a relevância de cada fator decisivo na escolha. O estudo conduzido por Bond, Carlson e Keeney neste artigo da Management Science mostra como quase metade dos objetivos considerados relevantes para uma decisão são inicialmente omitidos pelos participantes, mesmo quando pensam explicitamente no que mais importa para esta escolha. Pensar nos objetivos fundamentais para cada compra é um processo intenso, que deve levar em conta a experiência e expertise das pessoas envolvidas, bem como as melhores práticas prescritas pela ciência. Com isso podemos definir os objetivos mais adequados para uma determinada compra.  


Este processo de mensurar o valor de cada alternativa de compra considerando os objetivos fundamentais da empresa pode ser facilitado por uma metodologia de suporte à tomada de decisão. Essa metodologia auxilia na identificação adequada de objetivos que não seriam corretamente especificados sem um processo científico.


É importante ressaltar que quando falamos em valor para a Organização também devemos considerar o uso eficiente de todos recursos. As especificações e parâmetros do processo decisório mudam conforme a situação, e a abordagem deve contemplar isso. Categorizar as compras e os mercados fornecedores, classificando-os em estratégicos, de alavancagem, críticos e não críticos, avaliar o gasto com cada item, e definir políticas de acordo com esta relevância é essencial para alocar bem os recursos e gerar maior valor e produtividade para a empresa.


Compras estratégicas precisam de decisões inteligentes pois impactam de forma significativa na operação e nos resultados da empresa.


Conclusão: decidimos de forma muito menos racional do que imaginamos quando fazemos um processo seletivo focado no menor preço, com especificações mínimas e pouco formalizadas, o que aumenta nosso risco de fazer escolhas com consequências inesperadas ou indesejáveis. Então como tornar estas decisões mais racionais? E maximizar o valor das compras que fazemos? No próximo artigo falaremos disso!

 




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